Paçoca de Gergelim

Após viajar por boa parte da África, conhecer o Brasil “de cabo a rabo” e fazer uma pesquisa extensa sobre a alimentação brasileira,  Luís da Câmara Cascudo afirma em seu livro História da Alimentação no Brasil:

Cascudo
“Gabava a farofa de gergelim (Sesamum orientale L.), torrado e socado com farinha de mandioca no pilão. Cheirava como noiva e era forte e sadia. Fora trazida pelos negros da Guiné. A farofa de gergelim desapareceu de uso no Nordeste.”

Certamente não conhecia a comunidade Canto Grande, em Carolina, interior do Maranhão, onde praticamente todos os moradores não só ainda fazem como são bem específicos sobre a qualidade dos ingredientes e resultados esperados para a paçoca (ou farofa) de gergelim.

Essa receita me foi ensinada por uma das moradoras da comunidade, que aprendeu com sua mãe, que por sua vez aprendeu com a avó, que recebeu o passo a passo de sua bisa, que… aqui a genealogia começa a falhar, me desarmando do argumento da herança gastronômica intocável e que resiste ao tempo.

É possivel que Cascudo esteja certo e que em algum momento a farofa tenha sido apenas uma memória (quase) esquecida e que tenha sido ressurrecta pela criatividade dos sertanejos maranhenses, tal qual um raio caindo duas vezes no mesmo local.

De qualquer forma, trazer uma receita de volta à vida talvez seja uma das poucas formas de reescrever o passado. É a comprovação de que o sabor que morreu na verdade nunca morreu, sempre esteve vivo. Não na boca, mas na oralidade.

INGREDIENTES:

100g de gergelim tostado
50g de farinha de mandioca
10g de rapadura

PREPARO:

Em uma frigideira, toste levemente o gergelim e, assim que liberar um perfume tostado, transfira para um pilão ou processador.

Pulse ou pile levemente o gergelim e adicione a rapadura e a farinha de mandioca.

Processe ou pile até obter uma textura de farofa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima